Tarcísio Zimmermann*
É aceitável que um administrador público perca cerca de R$ 300 milhões que deveriam ser investidos em obras de saneamento na bacia do Rio dos Sinos, uma das mais poluídas do país?
Essa foi a questão que nos levou a realizar, através da Comissão de Assuntos Municipais, uma audiência pública na manhã do dia 17 de abril, para que a atual direção da CORSAN pudesse prestar esclarecimentos à comunidade gaúcha. Era a oportunidade para responder se eram ou não verdadeiras as informações sobre a perda dessa monumental quantia de dinheiro, a ser repassada pelo Governo Federal a fundo perdido, isto é, sem necessidade de devolução.
Primeiro, é preciso esclarecer que, em 2013, durante o Governo Tarso Genro, inclusive, quando ocupei a Presidência da Corsan, contratamos junto à União um montante de R$ 521 milhões a fundo perdido, para fazer obras de tratamento de esgoto em Canoas, Taquara, Parobé, Estância Velha, Portão, entre outros. A execução dessas obras exigia a elaboração e a aprovação dos projetos junto à Caixa Federal, mas, para isso, havia um prazo de início das obras, que se esgotava em 20 de dezembro de 2016. Assim, agilizamos a elaboração e a aprovação dos projetos de engenharia e, ao final de 2014, parte das obras foi licitada. Sempre há percalços nesses processos, porém nada que justifique atrasos e, sobretudo, a perda dos recursos.
Infelizmente, não foi o que aconteceu. A direção da Corsan, por razões injustificáveis, é autora da façanha de perder quase R$ 300 milhões que poderiam gerar empregos, desenvolvimento e melhorias ambientais. E, para piorar, os R$ 200 milhões restantes também estão em vias de ser perdidos.
O governador Sartori, que tanto tem falado em crise e em falta de recursos, foi informado desse descalabro. Qual foi sua atitude? Nenhuma! Todos os gestores da Corsan estão confortavelmente em seus cargos, enquanto se perdem milhões e o meio ambiente fica abandonado. Ficamos, agora, no aguardo das providências do Ministério Público, porque o governador que deveria zelar pelo bem-estar e pelo progresso do Estado, mais uma vez se omitiu. Os culpados precisam ser responsabilizados, porque jogar fora investimentos em saneamento básico, escassos e sempre insuficientes, é um verdadeiro crime contra a vida!
*Deputado estadual e ex-presidente da Corsan