PTSUL Informa
Informativo digital da Bancada do PT na Assembleia/RS - 29/07/2011
__________________________________________

Fatura da privatização
assusta população
de Uruguaiana

Foto:

Um mês após a privatização do abastecimento de água e do serviço de esgoto, os moradores de Uruguaiana levaram um susto. A maioria das contas sofreu aumento, contrariando as promessas de redução da tarifa, feitas pela prefeitura e da empresa Foz do Brasil.

As reclamações dos usuários foram parar na imprensa local. O jornal A Cidade publicou matéria em que revela a insatisfação dos moradores e o caso de um cliente que gastou apenas um metro cúbico de água e teve que pagar R$ 33,00.

Essa é a demonstração prática do equívoco de prefeitos que desejam abandonar a Corsan e privatizar os serviços de abastecimento de água e de tratamento de esgoto em seus municípios.

Foto:

Aumento da tarifa: foi assim em
todos os lugares que privatizaram

Em meio à batalha judicial travada entre a prefeitura de Uruguaiana e a Corsan pela concessão dos serviços de água e esgoto, ao longo do primeiro semestre deste ano, o presidente da estatal avisou que a população pobre pagaria o preço da privatização. Com base em estudo realizado pela Diretoria Comercial da empresa, Arnaldo Dutra advertiu que a maioria dos usuários teria aumento em suas contas. Projetou, ainda, que a tarifa cobrada pela Foz do Brasil só ficaria mais baixa a partir de um consumo de 24m³ ao mês. Isto é, não serão beneficiados os cidadãos de menor consumo - da categoria social.

Cerca de 77% das economias residenciais pagarão mais do que pagavam à Corsan. Isso porque a estatal pratica a tarifa de consumo, ou seja, cobra de cada família um valor fixo a título de serviço básico, mais o consumo real medido.

Já para a Foz do Brasil, vale a chamada “demanda mínima”, isto é, todos pagam 10 m³ de água por mês mesmo que não consumam nada. Além disso, têm que pagar também pelo esgoto, que corresponde a 70% do valor mínimo.

Para se ter uma ideia da diferença, a tarifa residencial mínima cobrada pela Corsan é de R$ 6,07. Já o valor mínimo cobrado pela Foz do Brasil em Uruguaiana é de R$ 30,26.

Municípios sem recursos públicos da União

Os prejuízos da privatização para o povo não se restringem ao aumento da conta. Segundo Dutra, as prefeituras que optarem pelo rompimento com a Corsan não poderão receber recursos provenientes do Orçamento Geral da União, que só podem ser repassados para as cidades que mantêm a concessão gerida por empresa pública. Foi o que aconteceu no ano passado, quando a prefeitura de Uruguaiana deixou de receber cerca de R$ 64 milhões a fundo perdido, por estar sem contrato com a estatal. Esse valor teria permitido elevar, em dois anos, o percentual de atendimento com esgotamento sanitário no município de 23% para 60%.

 

Quem é a empresa Foz do Brasil

A Foz do Brasil é uma empresa de engenharia ambiental da Organização Odebrecht. Entrou no mercado em 1994, quando, em associação com a empresa francesa Lyonnaise dês Eaux, conquistou a primeira concessão de água e esgoto no Brasil na cidade de Limeira (SP). Atualmente, atende 4,7 milhões de pessoas no País.

Depois de uma batalha judicial envolvendo a prefeitura de Uruguaiana e a Corsan, a empresa assumiu no mês passado o serviço de abastecimento e esgotamento sanitário no município por 30 anos. Prometeu reduzir preços, implantar o atendimento personalizado ao usuário e universalizar os serviços de esgoto em cinco anos. Para isso, conta com uma estação de tratamento recém-inaugurada pela Corsan. A obra deverá tratar 50% do esgoto produzido pela cidade. Hoje, Uruguaiana tem um índice de esgotamento sanitário de 23%, bem superior à média gaúcha, que fica em torno de 15%.

 

Investimentos e mudança na Constituição,
a receita para frear a privatização

Foto:

Localizado sobre parte do maior manancial de água doce subterrânea do mundo (Aquífero Guarani), o Rio Grande do Sul está na mira dos grandes grupos econômicos que ambicionam explorar os serviços de água e saneamento. Nos últimos anos, prefeituras gaúchas têm resistido a renovar os contratos com a Corsan, cedendo ao canto da sereia de empresas privadas que prometem reduzir tarifas e ampliar o atendimento.

A experiência, no entanto, mostra que o encanto da privatização dura pouco. Tão logo assumem o serviço, as empresas elevam as tarifas e penalizam, especialmente a população pobre. No caso do Rio Grande do Sul, acabam sacrificando também os pequenos municípios, cujo abastecimento é financiado pelo “subsídio cruzado” praticado pela Corsan.

Ouça aqui à entrevista do diretor de Expansão da Corsan, Alexandre Stolte

Para estancar no início a configuração de uma tendência privatizante, a estatal aposta na ampliação dos investimentos, especialmente na área do esgotamento sanitário e na qualificação da gestão. Embalada pelo PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, a companhia pretende investir de R$ 3 bilhões nos próximos quatro anos para aumentar de 15% para 30% o percentual de tratamento de esgoto no estado. 

Na Assembleia Legislativa, a bancada do PT trabalha para evitar que o processo de privatização se alastre e a água vire objeto de negócios. Uma Proposta de Emenda Constitucional, apresentada pelo deputado Luís Fernando Schmidt, pretende manter o fornecimento de água e os serviços de saneamento ambiental sob controle público. A chamada PEC da Água, que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, determina que os serviços de saneamento básico serão prestados por empresas públicas ou de economia mista sob o controle do poder público estadual ou municipal. Estabelece também que o Estado ou o Município deverá deter, no mínimo, 51% do capital votante e 51% do capital social destas empresas, proibindo a delegação de gestão a empresas privadas.

Para aprová-la, são necessários 33 votos. Na avaliação da bancada, isso é imprescindível para que o Rio Grande do Sul consiga universalizar os serviços. Para que isso aconteça, serão necessários R$ 10 bilhões.

Assista aqui à entrevista com o líder do PT
na Assembleia, deputado Daniel Bordignon

 

Experiências Internacionais
O caso Cochabamba

Em 2000, a cidade boliviana de Cochabamba privatizou o abastecimento de água e o precário sistema de esgoto. Antes de implantar um metro de rede, aumentou a tarifa em até 300% e tomou dos agricultores o sistema de irrigação que usavam há séculos.
 A população reagiu e garantiu a retomada do controle público da água. No artigo “Bolívia, o país que quer existir”, o escritor uruguaio Eduardo  Galeano analisa o episódio, os efeitos da privatização e os interesses econômicos envolvidos. Leia aqui.

 

__________________________________________

Este boletim objetiva ampliar e compartilhar informações sobre temas de Estado que temos discutido e votado na Assembleia Legislativa, oferecendo novos elementos para os debates na sociedade, nos meios de comunicação, nos movimentos.
Repasse para as demais pessoas de sua frente de atuação política.
Boa leitura e boa luta.

 

 
 
Para deixar de receber esse informativo envie e-mail para pt@al.rs.gov.br com assunto DESCADASTRAR